Conhecimento técnico não é o único diferencial levado em consideração por recrutadores na hora da seleção. Cada vez mais, as chamadas soft skills, ou habilidades de comportamento e socioemocionais, têm um papel fundamental no preenchimento de uma vaga. Isso porque as organizações começaram a perceber que candidatos com o perfil adequado aprendem com facilidade as técnicas necessárias para o emprego – já ensinar resiliência, trabalho em equipe ou motivação é tarefa bem mais difícil.

Outra mudança que trouxe as habilidades comportamentais para o centro da discussão foi o aumento da competitividade e das exigências por produtividade dentro do mercado de trabalho. Em momentos de crise econômica, saber lidar com pressão e com adversidades é imprescindível a um bom profissional!

Um candidato com fortes competências socioemocionais é beneficiado em qualquer área em que resolva atuar, ainda que certos negócios (como startups, por exemplo, que prezam pela inovação e impacto) as valorizem mais. Ainda assim, mesmo quem concorre a vagas mais tradicionais terá o perfil analisado e usado como critério de desempate.

Qual a diferença entre habilidades técnicas e comportamentais?

É importante que cada um conheça suas competências mais desenvolvidas e encontre maneiras de estimular aquelas que devem melhorar. Por exemplo, uma pessoa extremamente atenta aos detalhes e que trabalha bem sob pressão pode, ao mesmo tempo, enfrentar problemas ao trabalhar em equipe e se fazer entender pelos colegas. Hora de se colocar em situações em que essas habilidades sejam exercitadas: grupos de debate, serviço comunitário, curso de teatro são algumas das opções.

Ainda não parou para pensar no assunto e sequer sabe por quais traços de personalidade procurar? Estas são as competências mais mencionadas por recrutadores:

Resiliência

O projeto não foi bem-sucedido, resultados foram aquém do esperado, você cometeu um erro ou a empresa está passando por um ano turbulento. Hora de desistir? Não para funcionários resilientes – ou seja, que sabem contornar situações negativas e superar fracassos. Resiliência consiste em crescer e continuar apesar de adversidades.

Para empresas, contratar pessoas resilientes é uma garantia de que o desempenho da equipe não vai oscilar (muito) por causa de interferências externas. Assim, ela se torna capaz de superar momentos de crise ou oposição sem que isso afete sua produtividade.

Responsabilidade pelo todo (ou “visão de dono”)

É a noção de que a empresa também é sua e de que seu trabalho é essencial para o funcionamento do todo. Funcionários com essa característica vestem a camisa, importam-se com a missão e os resultados da organização e não rejeitam desafios ou tarefas que não estavam na sua ‘job description’.

O comprometimento é grande parte dessa habilidade: quem tem visão de dono participa ativamente da empresa, identifica e ajuda a superar obstáculos e se dispõem a ajudar colegas e outros departamentos. É uma qualidade frequentemente relacionada ao empreendedorismo, já que envolve dedicação e automotivação.

Trabalho em equipe e comunicação

Comprovar sua capacidade de ouvir, negociar, delegar tarefas e comunicar ideias com clareza deve ser uma prioridade durante a seleção. É comum que o trabalho de um setor dependa de vários outros dentro de uma empresa – e, mesmo dentro do seu departamento, você muito provavelmente não vai trabalhar sozinho.

Conseguir expor informações, problemas ou sugestões de forma sucinta e organizada será um diferencial, assim como aceitar ideias de terceiros e colaborar com projetos que não necessariamente seriam sua primeira escolha. Discutir com profissionalismo e respeitar os colegas, obviamente, é fundamental. Além disso, quando a situação exigir, saber dizer não ou discordar apresentando argumentos e mantendo a calma demonstram maturidade.

Contratar candidatos que apresentam essas habilidades é vantajoso porque evita conflitos desnecessários dentro da empresa.

Trabalho em Equipe

Criatividade e inovação

Para se conseguir novos resultados, deve-se colocar em prática novas ideias. As empresas valorizam quem sai do piloto automático para propor outros caminhos que resolvam – melhor ou mais rápido – seus velhos problemas.

Profissionais criativos estão preparados para lidar com imprevistos, trabalhar com poucos recursos e enfrentar crises. Mas cuidado: ser inovador não significa ser imprudente. Ao invés de dar quinze palpites impulsivos, dedique algum tempo para avaliar cada sugestão para garantir que ela faz sentido dentro do contexto da empresa.

Autodesenvolvimento

Mostre vontade de continuar aprendendo, de refinar suas habilidades e de investir em cultura e desenvolvimento pessoal e profissional. Muitas empresas perguntam aos candidatos sobre seus hobbies e passatempos ou sobre o que ele gostaria de estar fazendo em cinco anos. Aproveite essas janelas para inserir seus interesses e ambições, sempre enfatizando como pretende atingi-las. Por exemplo, se sua meta é ser chefe do departamento em cinco anos, você pode se inscrever em um curso sobre liderança. Sinalizar que está disposto a assumir novas responsabilidades também é bem visto.

Teste suas competências online

Muitas organizações já utilizam testes online para identificar o perfil dos candidatos. São avaliações sem certo ou errado (então, não adianta mentir nas respostas tentando prever qual o resultado esperado pela empresa). Mas que ajudam a selecionar os profissionais que se adequam àquele ambiente.

Um bom exemplo é o teste disponível no site 99jobs.com, que divide o perfil em quatro características: Free Spirit (ou Espírito Livre), Social Impact (Impacto Social), Ambitious (Ambicioso) e Career Builder (Construção de carreira). Ao final do questionário, você recebe uma análise de perfil e gráficos exibindo quais seus traços de personalidade mais e menos marcantes – um bom começo para identificar em quais habilidades investir.

Marcela Lorenzoni é jornalista e professora de inglês. Trabalha na startup de Educação Geekie. Atualmente, mora em São Paulo, onde faz pós-graduação em Educação no Novo Milênio.

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Fontes: